quarta-feira, 19 de maio de 2010

Brasil pede em carta que ONU evite sanções ao Irã

País diz querer evitar medidas que prejudiquem solução pacífica à crise nuclear
Reuters


O Brasil fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), em carta enviada nesta quarta-feira (19), para que seja dada uma chance à negociação com o Irã e que sejam evitadas "medidas prejudiciais a uma solução pacífica para a questão" nuclear.

Brasil e Turquia mediaram um acordo com o Irã, no dia 17 em Teerã, pelo qual a República Islâmica enviará ao exterior 1.200 kg de seu urânio de baixo enriquecimento em troca de 120 kg de combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas no país.

"Nós temos total confiança de que o P5+1 vai revisar a Declaração Conjunta com uma visão para abrir caminho (...) considerando questões relacionadas ao programa nuclear iraniano e questões mais amplas de preocupação mútua, por meio de um diálogo construtivo", disse a carta assinada por Brasil e Turquia, referindo-se aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha.

O Brasil ocupa atualmente um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU.

O grupo anunciou na terça-feira o esboço de uma resolução com novas sanções do Conselho de Segurança da ONU. A medida amplia punições contra o Irã e instituições do país pela recusa em interromper as atividades nucleares.


Ao comentar a posição das potências favoráveis às novas sanções, o chanceler Celso Amorim afirmou, nesta terça-feira a jornalistas, que os que desprezarem a chance de uma solução negociada "assumirão suas responsabilidades".

O acordo mediado pelo Brasil e pela Turquia tinha como objetivo evitar uma nova rodada de sanções. Autoridades americanas, no entanto, alegaram que o Irã buscava apenas ganhar tempo.

Após o anúncio do acordo com Brasil e Turquia, o Irã disse que pretendia continuar a enriquecer urânio, aumentando as suspeitas de que seu programa nuclear não tem fins pacíficos.

A declaração conjunta, assinada pelos três países, foi encaminhada nesta quarta aos membros do Conselho de Segurança da ONU, conforme comunicado do Itamaraty.

Segundo a carta, o acordo de troca de combustível nuclear dará a "oportunidade de começar um processo com o objetivo de criar uma atmosfera positiva, construtiva e de não-confrontação que leve a uma era de interação e cooperação".

Nesta quarta-feira, o presidente Lula fez um apelo na Espanha para que a ONU dialogue com os iranianos, a fim de evitar o risco de um recuo do país após o avanço que ele diz ter representado o acordo assinado há dois dias.

Sugestão de Amanda Vairo.

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