domingo, 31 de outubro de 2010

Jornal El País comete gafe.

Um dos melhores jornais da Espanha, El País, modelo de excelência e seriedade jornalística, cometeu uma gafe em reportagem de 30/10/10, sobre as negociações acerca do programa nuclear iraniano.

A um leigo o noticiado transparece a ideia de que o Irã se recusou a negociar seu programa nuclear e não assinou o acordo proposto pela a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), qual seja, o de enviar urânio enriquecido a 3.5% ao exterior para que fosse enriquecido e voltasse ao Irã em porcentagens utilizadas para fins pacíficos.

Tal concepção, contudo, não resite a análise nem tão profunda de jornais de maio e junho deste ano.

O Irã negociou. O presidente do país convidou Obama para debater em frente às câmeras de TV. O Irã assinou com Brasil e Turquia, em 17/05/10 o acordo nos termos propostos pela AIEA e pelos EUA.

Nenhum dos chefes de Estado do grupo dos 5+1 (5 membros permanentes do Conselho de Segurança + Alemanha) negociou com o presidente iraniano.

Uma análise ligeiramente mais acurada que a do jornal El País revela que quem se recusou a negociar, em uma ânsia sancionatória ao país islâmico foi o grupo 5+1. Ademais, o acordo proposto foi assinado, de sorte que o jornal espanhol deve ser mais cuidadoso para que seus leitores não cheguem à conclusão que sua redação ou é mal informada, ou é manipuladora.



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Irán acepta reanudar el diálogo nuclear con Occidente

El País
AGENCIAS - Bruselas - 30/10/2010

Irán está dispuesto a volver a la mesa de negociación sobre su programa nuclear con las potencias del 5+1 (Estados Unidos, Francia, Reino Unido, China y Rusia -los cinco países con poder de veto en el Consejo de Seguridad de la ONU- más Alemania). La representante para la Política Exterior de la UE, Catherine Ashton, anunció ayer haber recibido una carta de las autoridades iraníes en la que manifiestan su disponibilidad para un encuentro a partir del 10 de noviembre. Fuentes diplomáticas indicaron que la reunión podría celebrarse en Ginebra a mediados de noviembre.

De concretarse, se trataría de la primera cita desde octubre de 2009. Entonces, se perfiló un borrador de acuerdo por el que Irán entregaría a las potencias parte de su uranio enriquecido al 3,5%, para que estas le devolvieran material más refinado y útil solo para fines civiles. El acuerdo, sin embargo, no se concretó, y la ONU aprobó posteriormente nuevas sanciones contra Irán. (grifo nosso)

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Vejamos agora algumas poucas reportagens antigas:


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Brasil pede em carta que ONU evite sanções ao Irã.


País diz querer evitar medidas que prejudiquem solução pacífica à crise nuclear
Reuters
19/05/10

O Brasil fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), em carta enviada nesta quarta-feira (19), para que seja dada uma chance à negociação com o Irã e que sejam evitadas "medidas prejudiciais a uma solução pacífica para a questão" nuclear.

Brasil e Turquia mediaram um acordo com o Irã, no dia 17 em Teerã, pelo qual a República Islâmica enviará ao exterior 1.200 kg de seu urânio de baixo enriquecimento em troca de 120 kg de combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas no país.
(grifo nosso)


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BBC Brasil

17/05/10


O Irã concordou em enviar urânio para ser enriquecido no exterior, como parte de um acordo negociado em Teerã entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

O porta-voz do Ministério do Exterior do país, Ramin Mehmanparast, disse que o país vai enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã.

O entendimento anunciado nesta segunda-feira e assinado em frente a jornalistas em Teerã tem como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU), do final do ano passado, que previa o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar. (grifos nossos)


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E ainda:

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Ahmadinejad convida Obama para um debate cara a cara

Escrito por REDAÇÃO, com Agência Brasil
03-Ago-2010


O presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, convidou hoje (2) o seu homólogo dos Estados Unidos, Barack Obama, para um diálogo cara a cara, baseado na justiça e no respeito mútuo.

Segundo Ahmadinejad, essa é a forma ideal para verificar quem tem os melhores argumentos na defesa de seus pontos de vista.

O governo norte-americano é o principal crítico da política iraniana e liderou uma campanha a favor das sanções ao Irão devido ao seu programa nuclear.

As informações são da rede de televisão estatal do Irão, a PressTV.

“Vamos colocar as soluções para questões mundiais na mesa e ver quem tem a melhor abordagem”, afirmou Ahmadinejad. De acordo com o iraniano, se as ideias de Obama forem corretas, o justo é que o Irão as aceite.

O presidente iraniano disse que está pronto para dialogar com Obama, “na presença dos meios de comunicação”, em setembro. No próximo mês, Ahmadinejad pretende ir a Nova York para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os Estados Unidos lideraram a campanha assumida por parte da comunidade internacional de que o programa nuclear iraniano esconde a produção de armas atômicas. Mas o governo Ahmadinejad nega as acusações.

As autoridades iranianas trabalham com a retomada das negociações para setembro, depois do ramadão – que é nono mês do calendário muçulmano, quando os praticantes da religião ficam em oração, jejum e fazem caridade.

Desde junho, o Irão está submetido a uma série de sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos, o Canadá e a União Europeia.

No mês anterior, as restrições aumentaram com mais imposições de norte-americanos e europeus. As medidas atingem, principalmente, as áreas militar e comercial do país.


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Que os leitores tirem suas próprias conclusões.


Pedro Sloboda.

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